Quando um simples desenho trás o resumo de toda uma teoria psicológica sobre depressão, vc começa entender porque se chama cinema de arte. Obviamente existem muitos lados a serem observados, pois mesmo parecendo um fragmento tão minúsculo, é muito intenso emocionalmente e complexto socialmente. Esta pequena passagem fala muito mais que diversos livros best sellers. Vejamos:
A parte do aprendida por Simba no desenho foi identificar o que dói e como se defender dessa dor. E não se engane que identificar seja fácil ou que enfrentar após saber o que acontece seja mais de boas. Definitivamente Não. A complexidade de habilidades sociais exigidas para enfrentar a depressão, por exemplo, é tão vasta quanto duras de ser executadas por quem está padecendo deste transtorno. Logo percebemos que não é só os comportamentos a serem executados, mas a condição em que se encontra no momento necessários. Pra termos uma ideia, tente pensar em ter que trabalhar um dia inteiro e após chegar em casa, pensando em descansar, você é chamado por seu chefe porque você deixou um trabalho inadiável por fazer. Ter que voltar ao trabalho e ter a mesma energia de trabalho é complicado, não é mesmo? Pois é exatamente assim que se passa com quem tem depressão.
E é isso que a terapia faz: junto com você o Psicólogo identifica pancadas e elabora um plano conforme seu estado atual, para você lidar com essas dores e/ou para que não seja refém delas. E como cada dor que você sente é exclusiva, pode ser que mantenha relações de prazer inclusive com suas dores. E isso precisa sim ser compreendido conforme seu estado 99pessoal, familiar, social), rotina e relações funcionais com esse estado disfuncional.
Quais as formas de identificar de problemas do passado?
1) O que te causa medo?
Um dos grandes problemas da atualidade é o medo de se ferir. Os fatores psicossociais advindos dessa visão é multifatorial, mas podemos separar alguns pontos. O imediatismo capitalista é o carro-chefe quando se fala em não suportar dores. Isso porque normalmente é mais fácil comprar uma TV nova quando uma quebra. Até ai tranquilo, mas quando se leva isso pras relações humanas a situação fica trágica. Se cria uma coleção infinitas de dores não curadas buscando soluções em novas relações que muito provavelmente se tornará uma dor. Outro ponto é a Atualização de sistemas e objetos. Sempre queremos o celular mais atual porque o meu não suporta mais o que tínhamos ou simplesmente meu sistema não é o mesmo que o da moda. Seguir esta premissa é tão tenso quanto o item citado antes, até porque estão intimamente atrelados. O valor líquido das coisas é um lado sombrio a ser considerado. Relatado por Bauman “moderniza” o sentido de relação objetal pra Psicologia. Nas palavras de Giseli Betsy: “Pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo, ou seja, caso haja defeito descarta-se — ou até mesmo troca-se por “versões mais atualizadas”.
“Pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo, ou seja, caso haja defeito descarta-se — ou até mesmo troca-se por “versões mais atualizadas”.
2) O que tem feito que te desagrada?
Normalmente um sinal claro de problema chegando é você estar se comportando dirigido por razões puramente externas. Em outras palavras, você está vivendo regida pelo que pode e o que não pode, conforme o que os outros (amigos, parentes, etc.) dizem pra você. Eu sempre comento com meus pacientes: Nunca se foque demais nos outros. Isso causa uma despersonalização e acaba que no final das contas você nunca fez ou faz o que realmente queria fazer. E é comum nesses casos se achar ou sentir vazio. Mas se você fez isso, não adianta nada viver a se maltratar porque não agiu da forma correta. Sempre é tempo de recomeçar. E como diz Rafiki (baboino do Rei leão): o passado serve pra ser aprendido.
Nunca se foque demais nos outros
3) Sabe dizer um não?
É um termo duro que algumas pessoas não conseguem experimentar e terminam por não usar no cotidiano. A atual sociedade do “tudo-é-permitido” não entende que se possa dizer não. Isso questiona a tão almejada liberdade? Alguns pensam que sim. Mas pra manter esse padrão algumas pessoas se atropelam de uma forma violenta. No início não parece ser tão significativa a dor sentida pela rejeição do ser tido como “negativo”. Mas ao longo do tempo começa sentir ou rejeição social por não responder ao que ela exige atualmente, ou pior: você começa a se rejeitar por não estar sendo você mesmo. E isso é muito mais grave, uma vez que os resultados geralmente somatizados com sintomas até mesmo físicos caem como uma bomba no seu colo. É como se você fosse cego pra uma guerra e desarmado: você não tem como se defender, muito menos como revidar aos ataques que vem de você mesmo. Então quando sentir que no seu passado não foi interessante, diga não sem peso na consciência.
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