Saiu o resultado de uma pesquisa (1) que revisou o impacto da Atividade Física na saúde mental. Alguns veículos de comunicação alardaram que os resultados do estudo dizia ter um resultado superior ao da Psicoterapia e Medicamentos. Será verdade?
Não é de hoje que todos nós Cientistas Comportamentais, não só reconhecemos como também recomendamos de forma muito intensa a atividade física para melhoria da saúde do paciente, a saúde mental em especial.
As vias física e cerebral beneficiadas com exercícios físicos são muito boas pra serem ignoradas. E até brinco: “se seu médico e psicólogo não fazem atividades físicas, desconfie”. Mas é preciso ter consciência que o grande impacto dos transtornos mentais ainda é fortemente cognitivo. Lembrem-se: transtorno mental não é falta de Deus, não é cansaço, não é falta de alimento, não é falta de dinheiro (embora todos esses fatores possam colaborar). É sobre como todas as variáveis são interpretadas pelo sujeito. Isso porque ele pode ter tudo que descrevi acima, mas ainda assim pode desenvolver a dificuldade.
Os cientistas envolvidos foram muito responsáveis na divulgação do material, relatando as limitações atuais e melhorias necessárias futuramente, bem como relatando que o tratamento de primeira linha continuam sendo Psicoterapia e Psicofármacos. O erro está na reportagem equivocada, escrita por pessoas que provavelmente nem leram os artigos científicos.
O estudo (1) fala claramente que “a maioria das revisões teve uma PONTUAÇÃO CRITICAMENTE BAIXA em ferramenta de avaliação de revisões sistemáticas. E que a atividade física teve EFEITOS MÉDIOS na depressão, ansiedade e sofrimento psicológico. Os maiores benefícios foram observados em pessoas com depressão, HIV e doença renal, em mulheres grávidas e no pós-parto e em indivíduos saudáveis.” Neste último ponto, é pertinente considerar que todos os melhores resultados observados pela revisão são de depressão por condição/estados de estado sensível de saúde (HIV, Rins e Gravidez). Não quer dizer que sejam menos importantes, mas é danoso fazer uma notícia generalizando resultados, fomentando evasão de tratamentos de primeira linha.
Outro estudo (2) também no mesmo sentido nos diz que “os estudos consistiram em amostras com indivíduos dispostos, motivados e fisicamente capazes de participar de exercícios.” Ora, se um dos critérios da depressão está a falta de energia e indisposição física e cognitiva. E relatou ainda que “o estudo enfrentou dificuldades de diferentes condições do grupo de controle, origens culturais, distribuição de gênero, formas variáveis de avaliação e diagnóstico de gravidade da depressão”.
O tamanho da amostra também teve impacto: quanto menor o estudo, maior e melhor o resultado, precisando considerar viés do pesquisador. Além disso, não foi possível controlar os efeitos placebo devido à natureza das intervenções.
Bem, e os tratamentos de linha (ditos tratamentos de ouro), tem dificuldades? Sim, tem transtornos que alguns tipos de psicoterapia não têm resultado, como esquizofrenia grave, por exemplo. E também tem psicofármacos que não tem um resultado satisfatório, como por exemplo, não existe medicamento pra mudar visão de mundo (leia-se distorção cognitiva). Mas é justamente para isso que existe um profissional de saúde capacitado para compreender seu estado e recomendar precisamente qual melhor tratamento para você.
Na dúvida, marque uma consulta com seu psicólogo/psiquiatra!
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FONTES DOS ESTUDOS:
(1) http://dx.doi.org/10.1136/bjsports-2022-106195
(2) http://dx.doi.org/10.1136/bjsports-2022-106282