Abrir a caixa de pandora do cérebro e manipular seus conteúdos, como num computador, é a utopia mais desejada da ciência. Isso porque as emoções ruins estão lá e o mundo inteiro quer se livrar delas. Então, é possível apagar memórias traumáticas?
Uma pergunta que intriga a muitos é: Mas por que os traumas fixam tanto e um estudo pra uma prova nem tanto? Por dois motivos: 1) Tudo indica que o sistema límbico está envolvido na memória. Logo, o cérebro fixa melhor o que tem emoção envolvido. 2) O cérebro também fixa situações que causem risco, com intuito de manter sua existência. O problema é que ele acaba criando uma realidade interna e resgata constantemente, trazendo sintomas reativos similares ao evento vivido.
Hoje acredito que é impossível uma “pílula do esquecimento” para traumas. Isso porque traumas são criados por conexões de diversos neurônios e sentimentos sobre um fato ocorrido. Logo, apagar um trauma significaria comprometer redes neuronais e sentimentos gerais ligados a diversas outras memórias. Certamente você esqueceria metade do que viveu ou mais que isso.
Mas fiquem calmos, técnicas da terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem se mostrado eficazes no tratamento de transtornos relacionados ao estresse pós-traumático (TEPT) e tem sido utilizada com sucesso em diversos estudos científicos. Além disso, algumas pesquisas tem sugerido que a administração de medicamentos como propranolol, um betabloqueador, pode diminuir a intensidade das reações emocionais associadas à lembranças traumáticas. E pesquisadores do Reino Unido, que acabaram de publicar um estudo descrevendo a hidrocortisona com propriedades de ajudar em TEPT, mas os resultados são controversos.
Muita atenção: automedicação pode trazer sérios danos, como mostra um estudo de caso em que paciente usou por conta própria propanolol e teve aumento das complicações
É importante notar que essas técnicas não apagam o trauma, mas ajudam a lidar com as lembranças traumáticas e os sintomas relacionados a ele. Além disso, é importante ter em mente que cada pessoa é única e pode reagir de forma diferente aos tratamentos, é importante conversar com um profissional de saúde para encontrar a abordagem mais adequada.
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